O escore corporal é um dos instrumentos mais importantes para avaliar o estado nutricional e a saúde do rebanho de vacas. Por meio da avaliação visual da condição física dos animais, é possível identificar problemas de alimentação e doenças.

Em outras palavras, o indicador permite detectar fatores que afetam a produtividade, no gado de corte, e a qualidade do leite produzido, no gado leiteiro. Neste artigo, você entenderá mais sobre o porquê do escore corporal de vacas ser uma ferramenta tão útil para o pecuarista. 

Portanto, continue lendo e confira o que preparamos!

O que é o escore corporal em vacas

Escore de Condição Corporal (ECC), também chamado de Escala de Condição Corporal, é uma métrica dividida em níveis que serve para análise e classificação das condições físicas dos bovinos. Ela é usada para avaliar aspectos como musculatura, cobertura de gordura e situação nutricional dos animais. 

Outras informações que podem ser obtidas são as reservas de energia e o estado de saúde do rebanho. Vale destacar que a avaliação é realizada de maneira visual e tátil, embora existam aplicativos e programas que ajudam no processo. 

Dependendo do resultado da ferramenta, dá para alterar a forma como é feito o manejo diário, a dieta e os cuidados com as vacas. O mesmo pode ocorrer com o manejo reprodutivo, afinal, o indicador serve de guia ao pecuarista. 

O ECC ainda é um método de análise simples, rápido e de baixo custo, podendo ser feito por observadores que estejam perto do rebanho. Dessa forma, dá para comparar diferentes avaliações, de pessoas distintas e em várias épocas, para melhor acompanhamento das vacas.

Importância do escore corporal em vacas

O Escore de Condição Corporal é importante para criadores porque fornece dados essenciais para o planejamento de manejos produtivos e reprodutivos, bem como para a formulação de dietas especiais. Basicamente, é uma ferramenta importante para a tomada de decisões no campo.

Por ser de baixo custo, torna-se essencial para pequenos e médios pecuaristas que não dispõem de tantos recursos financeiros. Com essa métrica dá para melhorar a eficiência produtiva do rebanho a um bom custo-benefício.

De maneira específica, é possível identificar animais que estejam com transtornos alimentares por conta de situações problemáticas, como disputas por alimentos nos cochos. Inclusive, isso tende a causar estresse nas vacas, impactando a qualidade do leite. 

Para lidar com esse desafio, fornecer cochos individuais, mudar a estratégia de reposição de comida e fornecer suplementos são algumas soluções. 

Quando o ECC é bem mensurado, seguido de providências corretas para lidar com a vaca, aumenta-se a chance de ela ter uma vida reprodutiva bem-sucedida.

Como avaliar o escore corporal em vacas

Como apontado, a avaliação é feita de modo visual e tátil. Para tanto, é importante escolher bem o local em que a análise será feita, dando preferência para onde se tenha boa visualização dos animais. 

O toque e a apalpação para o teste precisam de cuidados. Por exemplo, é importante separar a vaca a ser avaliada  do rebanho ou manejá-la quando não estiver tão próxima do seu grupo e, principalmente, do bezerro. É necessário realizar um manejo adequado por questões de segurança. 

Em grandes rebanhos, normalmente é preciso de várias pessoas para executarem os exames dentro de um tempo predeterminado. Essas pessoas, por sua vez, precisarão ser treinadas para realizarem avaliações adequadas.

Também é vital ter um bom entendimento do ECC, isto é, de suas escalas. Isso é essencial para classificar corretamente em qual nível está cada vaca, a fim de evitar erros de análise que possam desencadear dietas e outros cuidados igualmente equivocados. 

Embora a análise seja feita em diferentes áreas do animal, é necessário considerar a sua condição de maneira geral. Inclusive, muita atenção a regiões corporais que destoam das situações de outras partes da vaca. 

Caso note algo assim, é necessário proceder com uma avaliação mais acurada para checar se não se trata de uma anomalia, doença, inchaço devido a uma lesão etc. De qualquer modo, é importante avaliar a gordura subcutânea localizada em regiões como:

Existem escalas que variam de 1 a 5 e de 1 a 9, em que 1 significa “muito magra” e, à medida que sobe, tem-se um incremento na gordura e musculatura animal. No ponto máximo, a indicação é de “muito gorda” ou “obesa”. 

Na escala de 1 a 5, a variação para cálculo costuma ser de 0,25 em 0,25 ou de 0,5 em 0,5, sendo que os níveis desejáveis normalmente são os intermediários. Quando a pontuação se dá a cada 0,25, os números adequados são: 2,75; 3; e 3,25. 

No entanto, há casos em que o valor desejável pode ser maior, chegando a 3,50 e 3,75. Essa escala é usada bastante em cálculos de ECC de gado leiteiro. 

Quando usamos a escala de 1 a 9, os valores desejáveis costumam ser entre 5 e 7 (ótimo-moderada). Essa medição poderá ser encontrada mais usualmente em análises de gado de corte, para produção de carne. 

Vale destacar que os extremos trazem riscos para a saúde do animal, pois em 1 ele está emaciado e subnutrido e, em 9 (muito gordo), a locomoção é prejudicada. Isso além de outros problemas.

ECC de 1 a 5

A partir de agora, focaremos em ECC de 1 a 5, padrão mais utilizado para mensuração do escore corporal em vacas leiteiras. Sendo assim, veja melhor o que cada estágio indica: 

As descrições apontadas estão resumidas e focando apenas em alguns pontos, de modo que é possível encontrar orientações mais completas a respeito de cada estágio. Vale a pena pesquisar mais sobre o que acontece com a vaca em cada nível para melhorar a avaliação. 

O escore corporal em vacas é essencial porque permite identificar desequilíbrios em condições corporais capazes de afetar a reprodução. Por exemplo, enfermidades metabólicas pós-parto. Além disso, outros problemas podem ser identificados, como atrasos no estro e redução de produtividade leiteira. 

Normalmente, tais desafios surgem em animais com escore baixo, todavia, pontuações elevados também causam transtornos e indicam riscos. Por exemplo, animais de pontuação 5 podem ter dificuldade de locomoção e maior sofrimento com temperaturas elevadas. 

O Escore de Condição Corporal tende a ser uma ferramenta mais eficiente de análise de gordura corporal do que outros recursos, como a medição do peso vivo. Isso porque esse segundo é afetado por fatores não tão perceptíveis.

Por exemplo, enchimento intestinal, qualidade da forragem, situação de prenhez etc. Já o ECC possibilita avaliar o tecido gorduroso subcutâneo, que é mais visível e facilmente perceptível por meio de palpação. 

Vacas com escore 1 (muito magras), ou com pontuação perto disso, tendem a produzir menos leite por conta da falta de reservas corporais. Porém, vacas com escore 5 (muito gordas) ou próximo desse valor também podem ter redução na produção leiteira.

Isso porque tendem a ingerir menos matéria seca no início da lactação, o que ainda é capaz de causar doenças metabólicas. Um exemplo é a “síndrome da vaca gorda”. Também há uma dificuldade maior nos próprios partos. 

É interessante destacar que, normalmente, as vacas tendem a produzir mais leite no começo da lactação, principalmente se estão em boas condições corporais (perto do escore 3). No entanto, o volume tende a diminuir à medida que o tempo de lactação avança. 

Por consequência, as vacas passam a gastar menos reserva energética na fabricação corpórea de leite, passando a melhorar as suas condições corporais. Em outras palavras, cada vaca “retém” mais de seu peso. 

Se nessa fase ampliarem a alimentação das vacas, especialmente com concentrados, a tendência é que elas fiquem muito gordas ou obesas (escore 5).

Vacas com escore baixo podem ter transtornos metabólicos e baixa eficiência reprodutiva. Por exemplo, atraso no cio depois dos partos. Consequentemente, o ciclo ou o planejamento de novas reproduções é impactado.

Também é possível que ocorram influências negativas na eficiência reprodutiva da lactação seguinte. Portanto, é essencial cuidar bem da vaca ao final de uma gestação e do pós-parto, ajustando suas necessidades nutricionais, caso seja preciso.

Isso pode impactar necessidades futuras do animal. Inclusive, é indicado que o ECC da vaca varie entre 3,25 e 3,75 para afetar positivamente a sua fertilidade.

A nutrição das vacas é essencial para a boa produtividade leiteira, bem como para a reprodução e bem-estar dos animais. Fêmeas com escore baixo tendem a ser mais vulneráveis a enfermidades infecciosas.

Já as vacas com alto escore podem desenvolver “síndrome da vaca gorda” (e posterior falecimento), além de terem problemas com mastite, metrite e cetose. Isso sem falar no deslocamento de abomaso, retenção de placenta e dificuldade de locomoção. 

Existem algumas estratégias de manejo para melhorar o escore corporal em vacas. Veja sobre elas a seguir!

Como apontado, ao final da lactação a vaca tende a ganhar peso por gastar menos energia e produzir menos leite. Portanto, é preciso evitar o excesso de concentrados em sua alimentação, a fim de prevenir que o escore suba demais. 

Se o escore estiver baixo antes do começo da lactação, é interessante aumentar a nutrição da vaca para que ela produza bastante leite. Desse modo, dando mais base para o incremento produtivo natural da fase de transição. Isso sem falar que quando chegar o momento do parto, ela poderá ter menor desgaste físico. 

Para aumentar o metabolismo, Fósforo orgânico e a vitamina B12 podem ser administrados no pré e pós-parto. Isso ajuda a melhorar o escore porque fomenta o apetite, sendo ainda capaz de diminuir o estresse.

Em geral, quando as vacas estão com ECC baixo, você poderá fornecer suplementação concentrada. Isso inclui sal mineral aditivado, sal ureado, proteico-energético, entre outros produtos. 

Dependendo da situação, poderá entregar suplementação de volumoso, silagem ou feno. Tudo para ter uma época reprodutiva de maior êxito, o que nos leva ao próximo tópico. 

A alimentação tem direta relação com a reprodução dos animais. Por exemplo, como a tendência é um Balanço Energético Negativo (BEN) no pós-parto, vacas de alta produtividade necessitam de maior quantidade de nutrientes. 

Todavia, quando a dieta delas é mal planejada, sendo formulada de maneira errônea ou insuficiente, problemas reprodutivos podem aparecer. Por exemplo, quando há baixa taxa de qualidade e de disponibilidade de forragem. 

No terço final da prenhez ocorre um crescimento acelerado do feto. Isso faz com que o útero aumente, o que, por sua vez, diminui a capacidade de ingestão. Consequentemente, pode haver um prejuízo no equilíbrio nutricional da mãe.

Além disso, a falta de nutrientes pode aumentar o risco de abortos, bem como causar impacto negativo na taxa de concepção. Isso porque ocasiona um atraso na atividade ovariana, elevando a exposição do útero da vaca à progesterona. Caso se pretenda fazer inseminação artificial (IA) pós-parto, esses riscos precisarão ser avaliados. 

De maneira geral, quando se observa que as matrizes de um rebanho não alcançaram estados corporais aceitáveis no período de parição, será preciso recorrer à suplementação alimentar. 

É importante monitorar o escore corporal do rebanho. A seguir, veja dicas para fazer isso!

Se você deseja melhorar o ECC para otimizar a reprodução das vacas, observe as seguintes fases: 

Registro e análise dos dados de escore corporal em vacas

Os dados do escore corporal podem ser anotados em tabelas ou registros que permitam fazer um bom acompanhamento. Isso também é importante para que você consiga analisar os ECCs tanto de maneira individual (por vaca) quanto de modo grupal.

Dessa forma, conseguirá visualizar se o rebanho todo tem algum problema de nutrição ou se eventuais dificuldades encontradas afetam apenas um animal. Inclusive, tais dados podem servir para outros índices utilizados a partir do ECC, como Nível de Adequação de ECC (NAE) e Proporção de Vacas com ECC Adequado (PVEA).

Importância da avaliação periódica do escore corporal em vacas

O ECC precisa ser acompanhado com certa periodicidade, pois condições climáticas são capazes de alterar a qualidade nutricional do alimento disponível no pasto. Consequentemente, levando a perdas ou ganhos de peso nos animais. 

Além disso, o monitoramento contínuo permite perceber se as mudanças na dieta bovina surtem os efeitos desejados. Caso não, você poderá modificá-la. 

Desafios e oportunidades na manutenção do escore corporal ideal

A competitividade no mercado de laticínios é grande, o que ocasiona diversos desafios para os produtores de leite. Nesse caso, manter o escore corporal das vacas em um bom nível se torna fundamental, pois previne o aparecimento de doenças, desnutrição e outros problemas que encarecem a criação.

Quando a gestão desse índice é bem-feita, é possível melhorar os resultados reprodutivos das vacas e os níveis de produção leiteira. Consequentemente, novas oportunidades de venda de animais e de leite podem ser aproveitadas. 

O ECC também permite se preparar melhor para certas épocas do ano. Por exemplo, no final do verão a tendência é que esse índice fique maior nas vacas, porém reduza no outono e no inverno. No começo da primavera ainda é menor, mas tende a crescer até o fim do verão. Normalmente, varia conforme a disponibilidade de alimentos no pasto. 

Outro ponto positivo do escore corporal em vacas é que esse índice, quando analisado adequadamente, é capaz de indicar em quais regiões do pasto os animais tendem a engordar ou emagrecer. Logo, dá para reorganizar as condições espaciais das propriedades, com vistas a um melhor aproveitamento produtivo. 

Tendências e inovações na manutenção do escore corporal ideal

Algumas inovações para a manutenção do escore ideal são os sistemas e aplicativos que ajudam na medição e no registro desse índice. Por exemplo, o +Leite, da Embrapa Rondônia, em parceria com o Instituto Federal de Rondônia (Ifro). 

A mesma unidade da Embrapa também desenvolveu um dispositivo articulado simples, que facilita a análise da condição corporal. Movimentando as duas partes dele em certos ângulos, fica mais fácil visualizar contornos e volumes na pele do animal. Trata-se do Vetscore.  

Ao longo deste artigo, vimos que o escore corporal  em vacas é uma ferramenta fundamental para avaliar o estado nutricional e a saúde dessas fêmeas do rebanho. A manutenção de um bom ECC é essencial para garantir a produtividade e a qualidade do leite produzido!

Também contribui na prevenção de possíveis problemas de saúde no rebanho. Com um bom manejo alimentar e nutricional, além de cuidados com a reprodução e seleção genética, é possível melhorar o escore corporal em vacas. Dessa forma, aumentando as chances de sucesso da criação!

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