O colostro bovino é o leite produzido pelas vacas nas primeiras horas após o parto. Essa substância é uma fonte rica em nutrientes e anticorpos essenciais para a saúde e o crescimento dos bezerros.
Além disso, o colostro bovino também pode ter benefícios para a saúde humana, incluindo a prevenção de infecções e o fortalecimento do sistema imunológico.
Diversas evidências científicas têm validado as aplicações terapêuticas do líquido. Acompanhe o conteúdo e entenda em que ele se difere do leite normal e quais são os usos desse produto na medicina humana e veterinária!
Composição do colostro bovino
Durante o período gestacional, não se transferem para o bezerro os anticorpos que ele precisa para combater doenças e agentes infecciosos. Nesse sentido, o colostro assume a função primordial de nutrir e atribuir defesa ao animal.
Como isso ocorre? Continue lendo e descubra!
O que é o colostro e como ele difere do leite normal?
Como visto, o colostro bovino é o primeiro leite secretado pela vaca após o parto. Caracteriza-se pela sua maior concentração em gordura, proteínas e outros nutrientes em relação ao leite normal, sendo fundamental para a saúde e o desenvolvimento dos bezerros.
Essa secreção com aspecto viscoso e amarelado tende a perder suas características e fazer a transição para o leite natural nos dias subsequentes, tornando-se mais líquido e esbranquiçado.
Quais os principais nutrientes no colostro e como afetam a saúde dos bezerros?
Entre os nutrientes que se pode encontrar em maior concentração no colostro, estão as vitaminas A, E e B12, além de minerais como magnésio, fósforo e sódio. Isso sem falar no cálcio, talvez o mais conhecido do leite. Também há imunoglobulinas, anticorpos responsáveis pela defesa do organismo contra doenças.
O colostro bovino assume função vital na imunidade e no desenvolvimento do animal. Tal fato se dá porque, durante o período gestacional, não há passagem de anticorpos ou células de defesa pela placenta para o bezerro.
Nesse sentido, as substâncias presentes na secreção garantem a sobrevivência do animal nos primeiros dias de vida, até que ele seja capaz de produzir sua própria imunidade. Não é por acaso que esse primeiro leite é considerado uma espécie de “vacina”.
Benefícios do colostro bovino para a saúde animal
Confira a seguir como o colostro pode interferir no crescimento do bezerro.
Como o colostro afeta o crescimento e a saúde dos bezerros?
A transferência da imunidade passiva é uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento do animal. Inclusive, afeta diretamente na redução da taxa de mortalidade antes e após o desmame.
A longo prazo, o colostro bovino também está relacionado ao ganho de peso e ao aumento do volume do leite. O mesmo vale para redução da idade ao primeiro parto.
Sabe-se que, para que os benefícios sejam percebidos, o bezerro deve ingerir em colostro algo em torno de 10% de seu peso corporal nas primeiras 24 horas de vida.
Quais os principais benefícios nutricionais do colostro bovino para os animais?
No que diz respeito à nutrição animal, o colostro exerce função fundamental na manutenção da temperatura corporal e na constituição de órgãos internos e tecidos, o que assegura o crescimento saudável do bovino. Isso se deve, principalmente, à presença de carboidratos, proteínas e gorduras na composição.
Tais elementos são fundamentais para o desenvolvimento de músculos, a regulação hormonal e a constituição de reserva de gordura, que é baixa no animal recém-nascido. A presença de minerais, do mesmo modo, combate a anemia e auxilia no equilíbrio metabólico.
O colostro ainda assume efeito laxativo, ajudando a eliminar as primeiras fezes do intestino do bezerro, acumuladas ao longo da vida intra-uterina.
Uso terapêutico do Colostro bovino na medicina veterinária
Compreendendo o colostro bovino como uma importante fonte nutricional para a saúde animal, vale conferir as suas aplicações terapêuticas na medicina veterinária. Acompanhe.
Como o colostro pode ser usado para tratar doenças e infecções em animais?
Pesquisas indicam que a própria constituição do colostro permite manter a sua bioatividade até alcançar as regiões mais distantes do intestino. Para os animais, isso permite aproveitar todos os benefícios que a composição traz para o tratamento de doenças e infecções.
A substância existe há séculos na prática da medicina veterinária e serve a diversas finalidades. Estudos clínicos mais recentes apontam os benefícios do uso do colostro para a manutenção do bem-estar e o tratamento de condições médicas.
Isso em razão da rica fonte de moléculas ativas capazes de contribuir para o sistema imunológico. Inclusive, a substância já tem sido alvo de investigação para a aplicação em humanos, como um superalimento aliado da saúde. Efeitos benéficos também já foram observados em infecções gastrointestinais e diarreias, doenças inflamatórias, entre outros.
Quais são as principais evidências científicas que suportam o uso terapêutico do colostro bovino?
Em vista da importância do colostro para a melhora dos processos fisiológicos dos bezerros e os usos terapêuticos na medicina veterinária e humana, estudos clínicos são constantemente desenvolvidos para identificar o potencial da substância. Seja ela administrada por meio de alimentação e suplementação, seja por meio de medicamentos ou na ração animal.
Evidências científicas têm sido coletadas no sentido de provar a tolerância do organismo ao colostro bovino e a sua segurança. Informações sobre tendências de pesquisa publicadas pelo National Center for Biotechnology Information apontam algumas aplicações para o colostro na medicina, como:
- cicatrização de feridas;
- controle glicêmico;
- controle de obesidade;
- supressão do desenvolvimento de tumores;
- tratamento de doenças cardiovasculares, entre outros.
Na indústria, o colostro também pode estar em produtos farmacêuticos, comidas e bebidas enriquecidas, suplementos alimentares etc. Inclusive, é possível encontrá-lo em itens cosméticos, Apesar dos fundamentos científicos, ainda há muito a se investigar quanto às aplicações da substância.
Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, pesquisadores da Estônia encontraram fundamentos para a aplicação do colostro em doenças respiratórias. O produto desenvolvido a partir da secreção bovina chegou, até mesmo, a ser comercializado no país em forma de spray nasal.
Produção e manejo do colostro bovino
O colostro excedente pode ser coletado e armazenado para uso na fazenda, o que permite aproveitar todos os benefícios destacados anteriormente. Entenda como proceder.
Como o colostro é coletado e armazenado para uso futuro?
A coleta e o armazenamento consiste na retirada do leite excedente para congelamento em garrafas ou sacos capazes de suportar uma porção entre 1 e 2 litros.
Uma recomendação é anotar nas garrafas a data de coleta, a identificação da vaca e o resultado da avaliação de qualidade para que haja segurança na administração do colostro, como veremos melhor a seguir.
Para uso futuro no campo, é importante destacar que o descongelamento deve ser feito lentamente em banho-maria, sem ultrapassar a temperatura de 50ºC. Isso porque alguns componentes importantes do colostro bovino são mais sensíveis, a exemplo dos anticorpos.
Do mesmo modo, o ideal é que, na administração do produto aos bezerros, o colostro esteja na temperatura média do corpo do animal. Isso significa em torno de 39ºC.
Quais as melhores práticas para maior qualidade e segurança do colostro para uso humano e animal?
Analisar a qualidade da substância é fundamental para uso futuro do colostro. E, atualmente, existem diversas ferramentas capazes de contribuir para isso.
O colostrômetro, por exemplo, é extremamente prático e capaz de mensurar a quantidade de imunoglobulinas (Ig) no líquido, quando o teste é realizado em uma temperatura entre 20 e 25ºC.
Para coletar o colostro nas vacas recém-paridas, é importante observar a quantidade necessária para o bezerro. Afinal, ele necessita de uma boa quantidade para o seu desenvolvimento sadio. O excedente, por sua vez, pode compor o “banco de colostro”.
Uma das grandes preocupações desse processo, também conhecido como silagem de colostro, é a contaminação. Por isso, vale destacar a importância da higiene no processo de coleta e armazenamento para que a proliferação de microorganismos não seja prejudicial aos animais em administrações futuras.
Para isso, utilize luvas descartáveis e faça a desinfecção e secagem dos tetos. Observe, também, a esterilização prévia do frasco de coleta e armazenamento.
Melhoramento genético e sua relação com colostro bovino
O melhoramento genético bovino é um processo contínuo pelo qual animais com as características mais desejáveis são selecionados para reprodução.
Desse modo, é possível melhorar a qualidade do produto nas próximas gerações e tornar a produção da carne e do leite mais eficientes. Entenda melhor.
Como o melhoramento genético pode influenciar a qualidade e a composição do colostro bovino?
Por intermédio de técnicas de melhoramento, o produtor pode incorporar genes desejáveis ou reduzir a chance de perpetuar genes que não estão de acordo com os seus objetivos. Entre os propósitos desse conjunto de técnicas, estão:
- o aumento e a melhora na produção da carne e do leite;
- o crescimento saudável do gado;
- a resistência a doenças e parasitas;
- a maior longevidade;
- a melhoria das características de reprodução bovina.
Sendo assim, é possível esperar eficiência também na qualidade da composição do colostro a partir do melhoramento genético.
Isso significa que, dentro de um planejamento com profissionais capacitados, é possível fazer uma avaliação genética para selecionar os animais com as melhores características nesse sentido e gerar bons resultados no longo prazo.
Quais as técnicas de seleção e cruzamento para produzir vacas com colostro de alta qualidade?
Um colostro de boa qualidade é aquele que, dentre um grupo de raças, contém boas quantidades de imunoglobulinas (IgG, IgA e IgM) e, também, boa concentração de sólidos. Por exemplo, proteínas, lactose, gorduras e assim por diante.
É importante notar que alguns fatores genéticos podem influenciar na qualidade do colostro, como eficiência alimentar, suscetibilidade a doenças e capacidade produtiva.
A seleção pode ser feita analisando o valor genético individualmente ou por progênie, por exemplo, especialmente quando se trata de atributos do macho que só se manifestam na fêmea.
Existem algumas possibilidades de cruzamento para melhoramento genético. Conheça algumas delas a seguir:
Inseminação Artificial (IA)
Essa técnica consiste na deposição do sêmen selecionado na fêmea. Após a colocação no aparelho reprodutor, por meio de instrumentos adequados, a fecundação e o desenvolvimento do bezerro podem ocorrer naturalmente.
Trata-se de uma prática que permite retorno econômico permanente. Para melhor planejar os partos e uniformizar processos, alguns produtores também adotam a inseminação artificial em tempo fixo. Nesse caso, não se precisa observar o período do cio, já que a inseminação se realiza com data e hora marcadas.
Fertilização in vitro (FIV)
Em segundo lugar, a FIV é a técnica reprodutiva responsável por acelerar a produção de animais com as características desejáveis. Ela pode acontecer em conjunto com outros procedimentos para agilizar o melhoramento genético, como a própria inseminação artificial.
A FIV consiste na estimulação da ovulação das fêmeas e coleta dos folículos produzidos. Posteriormente, esses oócitos podem ser cultivados em conjunto com os espermatozóides para que os zigotos sejam inseminados em vacas receptoras.
Transferência de embriões
Como o próprio nome já indica, essa é a técnica aplicada após a FIV e consiste na remoção de embriões do aparelho reprodutivo de uma fêmea doadora para transferi-lo para outras fêmeas receptoras.
Sendo assim, o processo permite adiantar os resultados esperados para o planejamento genético realizado no campo.
Como o melhoramento genético aumenta a produção de colostro e melhora sua eficácia terapêutica?
A lactação é um processo complexo que envolve uma série de aspectos genéticos, fisiológicos e ambientais que permitem produzir fatores nutritivos para a prole.
Nesse sentido, não é difícil entender a possibilidade de aplicar técnicas de melhoramento genético para aumentar a produção de colostro e melhorar a sua qualidade terapêutica. A utilização desses métodos para aumentar a produção do leite e da carne, por exemplo, já são amplamente difundidos no campo.
Alguns estudos, inclusive, já comprovam essa relação que promete impactar cada vez mais a produtividade do setor pecuário. Mesmo os pequenos produtores já percebem resultados .
Algumas pesquisas indicam um aumento de mais de 300% de produtividade. Isso pode contribuir, inclusive, para a otimização dos recursos naturais em um cenário que cada vez mais demanda consciência ambiental e sustentabilidade em todos os processos da pecuária.
O colostro bovino é uma fonte nutricional importante para a saúde animal e tem potencial para oferecer benefícios significativos para a saúde humana. As pesquisas científicas sobre o uso desse primeiro leite na medicina veterinária e humana estão em curso e há muitas evidências promissoras para apoiar seu uso terapêutico.
No entanto, é importante garantir que o colostro bovino seja coletado, armazenado e utilizado de maneira segura, a fim de maximizar seus benefícios para a saúde animal e humana.
